sexta-feira, 29 de julho de 2011

A incômoda e sincera obra de BUKOWSKI...

Charles Bukowski é um desses casos em que fica muito difícil separar vida e obra. Ou talvez seja até fácil, se não tentarmos separar uma coisa da outra. Tudo o que a sociedade estabelecida abomina tem protagonismo na obra dele - seus personagens são desajustados, marginalizados, viciados, e sempre contestadores do establishment.
Exatamente como ele próprio. Nascido na Alemanha em 1920, mas criado desde criança nos EUA, Charles teve daquelas infâncias problemáticas. Era filho de um soldado americano estacionado na Alemanha, violento, descontrolado e sem o menor talento para o trabalho de pai. Espancamentos frequentes eram seu elo mais forte com a figura paterna.
O mesmo na escola, onde o desajustado Charlie não conseguia fazer amigos. Sua inteligência já o fazia olhar o mundo com outros olhos, era um questionador. Pra piorar, ao chegar a adolescência, desenvolveu uma estranha doença inflamatória que lhe deformou parte do rosto. Namoradas? nops! Bullying? muito!
Lia Dostoievski e Hemingway. Não aguentou mais a escola e a abandonou, tendo submergido na leitura e no seu recém-descoberto amor: o álcool. Desde os 15 anos começou a escrever poesias, mas passou por vários trabalhos braçais - de motorista de caminhão a carteiro. Estudou jornalismo, mas nunca se formou.
Com seus primeiros contos publicados, encontrou-se na vida errante e nos excessos. Na década de 60 publicou trabalhos como "Mulheres" e "Cartas na Rua", e chamou a atenção da mídia. Suas obras casaram bem com a mentalidade da época, que começava a impregnar as cabeças de idéias anarquistas, antibelicistas e libertárias. Bukowski era um anti-tudo, mas que conseguia fazer (muito) sentido - em um mundo de guerra, religião, corrupção, desgoverno e hipocrisia, seu cinismo e sinceridade pareciam ser a coisa mais lúcida para alguns.
Casou-se com uma editora, separou-se logo depois. Então surgiu seu principal personagem, ou alterego, se preferirem. Henry Chinaski, um típico low life que compensava sua marginalização na sociedade envolvendo-se com mulheres e vícios, enquanto se debatia entre empreguinhos medíocres e a pura vagabundagem.
Bukowski tem a mesma proporção de admiradores e odiadores. Algo típico de sua personalidade e obra. Os que o admiram vêem nele a verbalização de muitos de seus próprios sentimentos de inconformismo, angústia, revolta, e principalmente insatisfação com o que o  mundo vende como "bom". Os que o odeiam sentem-se "ofendidos" por suas verdades, sua amoralidade, agnosticismo, e um cinismo que sempre questiona dogmas e padrões estabelecidos (pode colocar os religiosos no topo dessa lista...)
Camelando em um emprego insosso até quase 50 anos de vida, começou a ganhar projeção quando, erroneamente rotulado como beat, passou a fazer apresentações de seus textos a estudantes e fãs de leitura, sempre de uma forma irônica, largada e cheia de deboche. Afinal, ele lia como quem narra a própria vida, e com a mesma repulsa e nojo de seus personagens. Somente nos anos 80 o reconhecimento pareceu chegar, e ele passou o resto de sua vida (longa, considerando os abusos...) como uma espécie de celebridade às avessas. Teve livros transformados em filmes, embora declarasse não gostar de cinema. Escreveu contos, crônicas, e aquele tipo de poesia que destoa de tudo o que geralmente se classifique nesse termo.
Se você já conhece um pouco de sua obra, sabe do que estou falando. Caso queira ser apresentado ao tortuoso e antagônico universo de Bukowski, eu recomendaria o romance "Factotum". Leia e descubra o motivo.
Seu hedonismo e crítica estão presentes em cada página de cada obra. Coisas do tipo:
"For those who believe in God, most of the big questions are answered. But for those of us who can’t readily accept the God formula, the big answers don’t remain stone-written. We adjust to new conditions and discoveries. We are pliable. Love need not be a command nor faith a dictum. I am my own god. We are here to unlearn the teachings of the church, state, and our educational system. We are here to drink beer. We are here to kill war. We are here to laugh at the odds and live our lives so well that Death will tremble to take us."
 
Quando finalmente foi derrotado pela leucemia, já aos 74 anos, foi enterrado em Los Angeles, criando definitivamente um personagem mitificado na literatura contemporânea. Como última prova de sua mordacidade e desdém, mandou que escrevessem em sua sepultura: "DON'T TRY".




música para reflexão: "Bukowski", do Modest Mouse


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quinta-feira, 28 de julho de 2011

o mutante OZZY !

Parece sacanagem, mas é sério... Cientistas estudaram o DNA de OZZY OSBOURNE e fizeram descobertas surpreendentes!! Como já sabíamos, Mr. Madman não é exatamente do mesmo planeta que o restante de nós.

Leia esse artigo que foi publicado originalmente na revista ALFA (link logo abaixo)...


Como foi que Ozzy Osbourne sobreviveu a tantos anos de loucura? Convertido agora em colunista de saúde da revista inglesa The Sunday Times, com o nome Dr. Ozzy, ele tratou de buscar uma resposta para esse enigma fazendo uma análise de seu próprio DNA. O sequenciamento genético ajudou a entender melhor seu estilo de vida e revelou uma resistência especial às substâncias entorpecentes, como álcool e cocaína.
“Ozzy não é diferente das outras pessoas, mas ele carrega variantes em seu DNA que são únicas e que nunca tinham sido vistas antes por ninguém na ciência”, comenta Nathan Pearson, diretor da Knome, empresa responsável pelo mapeamento dos genes do cantor. “E, embora ele não seja um mutante, seu sequenciamento tem características ainda inexplicáveis.”
Ozzy é uma espécie de elo perdido. Sua análise de DNA intriga e já pode ser considerada uma boa contribuição à ciência. Em entrevista a ALFA, Pearson explicou que foi encontrada uma variação na proteína dentro do gene ARRBF responsável pelo processamento de derivados do ópio, como a morfina e a heroína. “Não sabemos como o gene de Ozzy processa as drogas, mas ele é até agora uma exceção entre os vertebrados”, afirma Pearson.
O cientista conta que, ao isolar esse gene de outros animais — de um ser humano, macaco, aves até chegar a um peixe — em determinada coluna da proteína, encontra-se a letra K. “Isso sugere que se trata de um aminoácido importante para a evolução”, explica Pearson. Mas no caso da proteína de Ozzy foi encontrada a letra N. Foi a primeira vez que isso aconteceu em uma análise genética. “Foi uma surpresa, sem dúvida, mas não sabemos exatamente o que significa e que tipo de influência teve na sobrevivência do músico”, completa.
O sequenciamento confirmou que coexiste em Ozzy a predisposição a alguns vícios com uma baixa tolerância para certas substâncias. Seu DNA mostra, por exemplo, que ele tem seis vezes mais chance de ficar dependente de bebidas alcoólicas do que a média das pessoas e tem quase duas vezes mais possibilidade de se viciar em cocaína.
Em compensação, ele é vulnerável às alucinações com maconha e tem menos propensão a se apegar à heroína ou aos cigarros. “Durante a consulta, Ozzy comentou que, de todas as drogas, a única que o fazia passar mal era a heroína e que o cigarro foi o primeiro vício que ele deixou”, diz Pearson.
Segundo o cientista, o corpo do roqueiro tolera bem o álcool, mas não é especial o suficiente para se livrar dos efeitos nocivos causados pela bebida. Ozzy também não metaboliza a cafeína. “É como uma criptonita. Se ele toma uma xícara de espresso, sua cabeça vai para o teto”, diverte-se Pearson. O cientista notou que nosso “iron man” tem mais alergias que a média das pessoas e não consegue sentir certos cheiros. A mesma zona nebulosa foi verificada na genética musical de Ozzy. Pearson diz que foi encontrada uma variante relacionada com o talento do artista que indica uma aptidão para a música.
A equipe liderada por Pearson verificou também a ascendência do cantor. E é uma história que vai longe. “Ozzy é descendente dos neandertais”, afirma. Os cientistas também encontraram no roqueiro outra marca pouco comum: a Haplogroup-T2, característica de uma linhagem europeia iniciada no fim do Período Paleolítico.
Menos de 3% da população da Europa possui essa diferença genética. “Entre as vítimas do vulcão Vesúvio, que arrasou Pompéia em 79 d.C., havia uma família com a mesma variação”, diz. “Isso significa que Ozzy tem primos distantes na Itália.” E seu sangue tem traços da realeza e da bandidagem. A T2 foi encontrada no rei George I, no último czar, Nicolau II, e no criminoso americano Jesse James.
Apesar das exceções e variações improváveis, um resultado que surpreende na análise do DNA de Ozzy é que o roqueiro, de 62 anos é, afinal, um homem saudável. “Ele queria saber se sofria de mal de Parkinson, por causa dos tremores frequentes, mas o resultado mostra que ele não tem a doença”, diz Pearson. “Seu problema é o histórico abuso de drogas.”
Segundo ele, uma vantagem de realizar o sequenciamento do genoma é que, no futuro, quando Ozzy tiver de fazer uma cirurgia ou um tratamento, os médicos vão saber qual é o melhor medicamento para usar no procedimento. Além disso, o ineditismo de alguns de seus traços genéticos abre frentes de pesquisa que permitirão entender melhor o talento para a música ou a predisposição para a dependência química. “Ozzy está abrindo caminhos. É a partir dessas novidades que a ciência se desenvolve”, diz.

Matéria publicada aqui: http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/arte/noticias/ozzy-osbourne-o-elo-perdido?page=1&slug_name=ozzy-osbourne-o-elo-perdido

Cobaias a serviço da Ciência!


Música para reflexão: “Iron Man”, do Sabbath

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O onipresente JACK...

Desde 1800 e cacetada, o bom e velho JACK vem nos aquecendo, alegrando e socializando... Resistiu ao teste do tempo, virou "cultura pop", e hoje é difícil alguém que não reconheça esse layout vintage. O que você tem em casa com esse logo? Fora aquela maravilhosa garrafa, é lógico...



música para reflexão: "Jack Daniel's Old no 7", de Jerry Lee Lewis.


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terça-feira, 26 de julho de 2011

Fica, vai ter bolo!!!

Na conceituada escola de chefs "Cordon Bleu", dizem que a aparência do prato é mais importante que o próprio gosto. Bão... esses aí são verdadeiros e DELICIOSOS BOLOS , feitos com ingredientes que todo mundo ama comer em um doce. Mas a aparência desafia os mais fortes. E aí... tá servido?!?





















música para reflexão: "Poundcake", do Van Halen.


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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pra você, que dá tanto valor às aparências...

Eles são brutos, toscos, tatuados, um grupo de motociclistas de tamanho avantajado que não foge de uma boa briga. Muito pelo contrário... eles vão atrás da encrenca. Só que não são marginais baderneiros - são defensores de animais. Um clube que recebe denúncias de maus-tratos e vai atrás dos malfeitores, para defender e lutar por aqueles que não tem defesa. "RESCUE INK UNLEASHED" é um programa que mostra o dia-a-dia desses caras pouco comuns, e vai ao ar no National Geographic. Só para mostrar para aqueles idiotas que ainda não entenderam.......... "IT IS MORE THAN MEETS THE EYE..."
 



































música para reflexão: "Blessing in Disguise", do Edguy


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domingo, 24 de julho de 2011

AMY está viva...!

Mas não fisicamente. Aliás, ela já não estava viva fisicamente há um bom tempo. Hoje, amanhã, e ainda por um bom tempo, você verá fotos, ouvirá músicas, saberá de novas informações sobre sua mais do que esperada morte. Talvez daqui 10 anos ela esteja nos pôsteres como Janis, Hendrix, e outros que foram para o buraco cedo demais - mas, de um modo ou de outro, por escolha própria.
Amy Winehouse está viva - sim - em dezenas de outros "astros" da música que, exatamente como ela, ou de forma bem parecida, estão trafegando pela mesma estrada cheia de altos e baixos do estrelato. Muitos personificam a mesma atuação autodestrutiva, que alegra os fãs e deixa os mais taciturnos se perguntando: "Mas ela tem tudo, está no topo do mundo, por que agir assim..?"
Exatamente por isso. Ninguém chega onde Amy chegou sem uma poderosa máquina por trás. A impiedosa e voraz indústria da música é a verdadeira fábrica de ídolos. Ela escolhe quem brilha, quem não tem chance, e quem não merece mais uma chance.
A indústria tem um exército de cães que farejam incessantemente todos os meios de comunicação atrás de "novos talentos". Uma vez descobertos, eles são cooptados, ludibriados, iludidos e atraídos como os marinheiros pelas sereias mitológicas. É irresistível, porque é uma promessa de tudo o que todo artista quer. Uma vez "comprado", o até então ingênuo futuro astro é desconstruído e reconstruído à imagem que o mercado achar mais fácil de deglutir. 
Em pouco tempo a indústria decide se o seu investimento tem futuro. Se não, ele é descartado vergonhosamente, rebaixado rápido a uma categoria onde nem mesmo pode voltar a tocar nos botecos sujos e vazios da época do anonimato.
Mas, se consegue produzir cifrões suficientes, ele passa por um outro processo, esse ainda mais cruel que o primeiro: a produção e manutenção do ídolo. O rockstar, a popstar, o novo grande talento mundial. E esse processo inclui manter seu "produto" feliz, satisfeito, iludido - desde que produzindo adequadamente. Mansões de 500 quartos, carros de milhões de dólares, mulheres (ou homens) à escolher no catálogo, e muito de tudo que você desejar. Obviamente que as drogas (genericamente falando, qualquer coisa que mais prejudique do que ajude...) estão no cardápio!
Todo mundo sabe e fala de Kurt Cobain. Aquele "pobrezinho" que não suportou a fama, a frustração de não poder passar sua "mensagem" ao mundo e, guiado por uma mão dormente de heroína, suicidou-se. Mas, no mesmo ninho do grunge, uma tonelada de outros talentos menos estelares tomou o mesmo rumo. Lembram-se de Layne Staley, vocalista do excelente "Alice in Chains"? E Shannon Hoon, o menino bonitinho líder do ascendente "Blind Mellon"? Pois é, achei que não. Suas vidas foram tão ou mais atormentadas que a de Cobain, suas tragédias pessoais talvez maiores - mas a indústria escolheu Kurt para personificar a imagem do "ídolo martirizado" - a mesma indústria que sugou sua criatividade até a última gota, enquanto o mantinha vivo ligado a uma máquina ininterrupta de entorpecimento. 
Quem matou Cobain, Amy, Michael Jackson, Elvis, a galera do "clube dos 27"...? As drogas? A MTV? A Rolling Stone? Nós, seus fãs?
Existe um filme muito, mas muito tosco. E por isso mesmo, engraçado pacas. Chama-se "Get Him to the Greek" (no Brasil, "O Pior Trabalho do Mundo"). Estrelado por Russel Brand - ele próprio um drogado em recuperação - é uma descrição estereotipada e MUITO verdadeira desse mundo. Frases como "Se ele quer drogas, dê-lhe drogas". "Se ele quiser te comer, dê pra ele!", são amostras do que o pobre assistente de estrelas ouve de seu todo-poderoso produtor - que não quer seu astro livre das drogas porque ele não vende nada quando está careta... deu pra sentir a vibe, né?
Por essas e outras (mais outras do que essas) é que existem tão poucas bandas do naipe de um RUSH ainda na ativa por aí. Opostos a tudo isso que a indústria produz, e ainda assim ativos e lucrativos há quase 4 décadas, eles já sabiam qual seria o caminho certo - e o errado. Deixaram inclusive uma "cartilha" para os que quiserem se aventurar por esse caminho enganoso: basta ver a letra de "Limelight".

Ah - e a indústria musical está muito, muito enlutada. Amy, lá da sepultura, vai render muita grana, por muitos anos! Resta encontrar outra, e começar tudo de novo... it's all about money, honey!
Welcome, Amy! What took you so long?







música para reflexão: "Just let me Breath", do Dream Theater.


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