sábado, 4 de maio de 2013

LOLA BENVENUTTI... preparado para ela?

Prazer... (muito)...! Lola!!!
De repente você cruza com ela, em um lugar qualquer. Provavelmente, na bela São Carlos... quem sabe...
Ela é uma menina de 21 anos, pele branca, cheia de tattoos, um corpo incrível e sorriso cativante. Na primeira conversa, você já saca que se trata de uma mulher com formação e educação bem acima da média. Logo você descobre que é universitária, e domina mais de um idioma... só pra começar...
E então você pergunta o que ela faz. “Acompanhante”,  responde, sem perder o sorriso nem baixar o tom de voz.
E você (idiota), cola as placas: “Acompanhante..? Tipo... garota de programa... prostituta...?” "A hooker?"
Não interessa o nome que você dê. Ou o que imbecis de mente estreita possam dizer. LOLA BENVENUTTI é muito, muito bem resolvida com o que faz. Ela vive do sexo, ela ama o sexo, e ela é mais do que boa no que faz. E, a cada dia, soma mais soldados em seu exército de fãs – gente de todas as idades, orientações sexuais, profissões, níveis culturais. 
Em um planeta cheio de “wannabes”, imbecis com dinheiro e poder que ditam regras, gente que saiu diretamente da Idade Média e quer que o mundo viva exatamente da maneira que eles, seus líderes, suas religiões e crenças sem sentido acham correto... Pior: em um país que ainda critica a prostituição, mas acha lindo quando uma adolescente sonha em ser “estrela de reality show”, “assistente de palco”, ou mais uma piriguete que dedica cada gota de suor para fazer a dança do acasalamento com algum “famoso” (serve jogador, sertanejo, pagodeiro, funkeiro, político...), eis que surge Lola – uma mulher que faz o que gosta, fala abertamente do que faz, e assim acaba integrando um grupo seleto e cada vez menor de pessoas realmente honestas e bem resolvidas. 

Chamamos Lola para um papo. E você vai conferir um pouco mais de suas ideias. Warning: Esqueça “aquela garota de programa (feia pacas) que ficou famosa com um blog e um livro”. Você, nosso colega de papo, certamente vai se apaixonar por essa menina. Quanto aos acéfalos que, por acidente, acabaram caindo aqui, e vão achar um absurdo, dizer isso e aquilo: fiquem espertos! Pensem no que vocês fazem em segredo, no que seus/suas parceiros/as devem estar fazendo em segredo, e principalmente no que vocês não fazem – mas morrem de vontade de fazer, escondidos na sua mentalidade covarde e preconceituosa.
Lola não esconde nada. Ela não é uma visão inacessível de programas de TV. Ela existe, é real, e você pode conferir tudo ao vivo, caso queira. A gente vai contar como. Mas antes.... Lola por Lola: (ah, os comentários em vermelho são nossos...)

C'n'R: Queremos saber primeiro da sua aparência. Quando e por que começou a sua transformação nessa cyber pin-up ? Qual foi sua primeira tattoo? Quantas já são? Vem mais por aí?
LOLA: Bem, meu estilo agrega várias referências, desde o gótico até o mainstream. Comecei a ouvir Rock n' Roll por volta dos 12 anos e é claro que isso me influenciou. Eu queria usar preto, couro e ser sexy... rs. Tive uma fase gótica por um tempo e depois fui incorporando outras referências: o vintage, o punk, etc. Minha primeira tattoo foi aos 14 anos, escondida dos meus pais. Foi super importante pra mim por representar meu ideal de liberdade: o sonho de ter minha própria HD. Pelas minhas contas, são 15 no total e com certeza outras virão rs. (((Aos 14 ela já queria uma Harley... cool!)))

Uma Boulevard? 
C'n'R: Sua maior qualidade é viver em paz com suas opções. O que você pensa quando vê alguém te criticar e, ao mesmo tempo, achar lindo ver uma piriguete correndo atrás de jogador de futebol, pagodeiro, sertanejo?
LOLA: Hahah Pra ser bem sincera, nem leio as críticas. Felizmente, as notícias têm me valorizado e isso já me deixa muito satisfeita. Recebo um montão de emails, ligações e mensagens de pessoas mega especiais, me elogiando. Pra que me concentrar no lado negativo, com tanta gente legal me apoiando? (((haters gonna hate!))) 
Quando ainda era Gabriela, mas já nutria o tesão pelas Harleys!


C'nR:  As meninas de ontem queriam ser professoras, médicas. Hoje querem ser "assistentes de palco" e "estrelas de Reality show". Você, como parte da minoria universitária, que, além do corpo, usa a cabeça, o que acha? 
LOLA: Bem, se eu dissesse que acho ridículo, estaria me comportando igual às pessoas que dizem que sou amaldiçoada pelo diabo e etc  porque escolhi o caminho de Satã rs. Penso que se elas se sentem bem, é o que importa. Entretanto, acredito que seja importante ter um plano B...outras opções, afinal, beleza não é eterna. Para mim, estudar foi importante, mas há pessoas que simplesmente não gostam de estudar, não fizeram faculdade e se dão super bem no trabalho. Existem casos e casos... (((caminho de Satã? Opa, tamo junto!!!)))

C'n'R:  Vamos falar direto ao nosso público. Qual a sua experiência com aqueles meninos de 30 e muitos, 40... que não se enquadram no "igual a todo mundo", e continuam se tatuando, curtindo som pesado, praticando esportes radicais..? Fala a verdade, você ainda chama de "tio"..? 
LOLA: hhahaa Eu SEMPRE gostei de homens mais velhos. O jeito, o charme, a voz...não sei explicar. Coisa de Lolita mesmo. Tanto que meus namorados sempre foram bem mais velhos que eu. Gostando de motos e rock n roll então, perfeito haha. (((OK, people - haters gonna hate, mas o fato é que WE FUCKING ROCK!)))

C'n'R: Querendo ou não, você acabou levantando uma bandeira. Logo hoje em dia, em que a "inquisição" voltou com tudo, dinamitando as orientações sexuais, os relacionamentos não convencionais, e tudo que não seja exatamente como há 50 anos atrás (no mínimo...). Você toparia um cargo político, para poder usar o que sabe e pensa para combater esse ranço reacionário?
LOLA: Nossa, nunca pensei nisso rs. Pra falar a verdade, eu nem sonhava que o blog suscitaria tanta discussão. Afinal, era uma maneira de registrar minhas memórias e mostrar um pouco mais quem é a Lola. Entretanto, fiquei MUITO feliz com a repercussão positiva e dos emails dizendo que sou corajosa e que as pessoas me admiram pela postura. Eu espero que minha voz continue ecoando e que eu possa contribuir para que esses preconceitos e estereótipos tão injustos caiam por terra. (((neste país? ah, demora....)))

C'n'R: Agora, com toda a sinceridade. Que tipo de música você curte? (vamos fingir que está tudo bem se não for Rock...)
LOLA: Eu gosto muito das musas do jazz: Nina Simone, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Etta James. Entretanto, é óbvio que tem lugar no meu coração pro Rock...ouço muito Van Halen, AC/DC, Black Sabbath, DIO, Black Label Society, Janis, Hendrix, Led...nossa, uma porrada de coisas. Um blues, sambinha e mpb também caem bem haha (sinto decepcioná-los). (((vamos deliberar se conseguimos ou não relevar esse detalhe...))) 

C'n'R: Lola, agradecemos muito você ter aparecido por aqui. Any last words..?
LOLA: Gostaria de agradecer a oportunidade de escrever para um blog tão legal, com organizadores tão educados e gentis. Espero que tenham gostado =)
Tá... quando se cansar de apreciar, repara na tattoo "old school" da HD !
Bom, vocês conheceram um pouco mais do que vai pela cabeça da Lola, que já está virando febre na internet. MAS... não é tudo... você pode saber muito mais dela em links como esses:

E... melhor ainda, você pode ter um contato direto com ela. Tão direto quanto possível. Fotos, fatos...Corre lá e seja feliz, meu/minha amigo/a!!!:





música para reflexão: "Lola", dos Kinks (óbvio...)





quarta-feira, 1 de maio de 2013

Já vem do berço...



Quando se fala em HARLEY DAVIDSON, não é apenas a máquina, a marca, o way of life.
É uma cultura.
Alguma coisa atávica, que mexe naquele lugar mais primitivo do ser humano - o desejo de liberdade.
Poucos compreendem.


Ainda bem...





música para reflexão: "Warlord", do Manowar.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Zakk Wylde e o verdadeiro sentido do Metal..!

Zakk destruindo em São Paulo
Se você tem um conhecimento mediano da cena do Metal, obviamente já ouviu falar dele. Se não em seus projetos e participações na obra de outros feras, certamente como guitarrista do "cara": Ozzy Osbourne; ou então com sua (já) lendária banda: BLACK LABEL SOCIETY.
Imagine um cara como tantos de nós, guitarrista talentoso, mas perdido no meio de milhares, e - de uma hora pra outra - com menos de 20 anos de idade, ser convidado para assumir o pedestal que já foi ocupado por ninguém menos que Randy Rhoads e ser guitarrista do mítico Ozzy. Mas desde o primeiro acorde, o ambicioso garoto mostrou a que veio. Uma agilidade incrível, criatividade, uso e abuso das dificílimas pentatônicas, e uma presença de palco que personalizava o "front guitar man" - quase em contraste com a semi-mobilidade de Osbourne.
De guitarrista a amigo, companheiro das farras mais absurdas, regadas a álcool, drogas e excessos. O visual ridículo da cena 8Otista (toneladas de laquê, maquiagem e cara de viado constipado) logo deram lugar à personalização do interior do moleque: um americano pobre de New Jersey que se achava algum tipo de viking nórdico perdido entre Asgard e Los Angeles. Começava ali a nascer um personagem que iria marcar para sempre o Heavy Metal do mais alto nível.
e os meus cabelos? quaaaanta diferença...
Criatividade nas alturas, Wylde entrou e saiu de vários projetos paralelos: "Lynyrd Skinhead", "Pride and Glory", por exemplo (dentre uma penca). Tocou em bandas de amigos, fez ponta em filme, figurou em zilhões de capas de revistas de guitarra, DVDs, sempre louvando seu modo de vida totalmente "out of control" e sua habilidade poucas vezes imitada.
Até que, pelos idos de 98, ele monta a emblemática Black Label Society - banda destinada a expressar com precisão o "jeito Wylde de ser".
E aqui o título do post começa a tomar sentido...
Por que o "verdadeiro sentido" do Metal?
Well... porque o BLS personifica o que é SER um headbanger. Do visual ao som, das letras hedonistas e imediatas ao barulho e algazarra dos shows. 
Ir a um show do BLS é estar em contato com o espírito do que um dia foi batizado de Heavy Metal. Sobre o palco, Zakk é como um líder ensandecido que conduz as massas a um transe. O final de um show do BLS resume-se em estar suado, surdo, rouco, possivelmente bêbado, e absolutamente leve, aliviado, curado da realidade ridícula de um cotidiano pautado por regras, aparências, modismos e comportamento padrão.
e eu continuo morrendo de medo de freira...
Mais do que isso, Wylde transformou sua banda em uma irmandade, um culto. Muito semelhante às suas próprias crenças, já que ele se diz católico, mas não perde uma chance de zoar com a própria fé (vide a capa de "Shot to Hell", e as dezenas de fotos, figuras e sacanagens que diariamente posta em seu twitter e instagram). Chama seu estúdio de "Black Vatican", e todos seus amigos de "Padres". 
Como um verdadeiro Moto Clube, criou "chapters", seções regionais de fãs da banda - todos devidamente uniformizados com as cores da irmandade, e todos chamados por ele de "Berzerkers" (de berserker, um tipo icônico de guerreiro germânico considerado o mais agressivo e temido de todos os tempos, termo que deu origem a uma expressão em Inglês que significa ficar possesso, raivoso). 
E chegamos ao verdadeiro sentido do Metal: a irmandade, a identificação mútua, o grupo. 
Não é isso que a humanidade busca desde seu princípio? Um grupo ao qual possa pertencer, interagir e onde sinta apoio e amizade? Poucas bandas de Metal representam isso tão bem quanto o Black Label. E, no meio de toda aquela maravilhosa balburdia, toda a decoração bizarra que envolve cruzes, caveiras, ossos, correntes, e sob o comando de um gigante cabeludo, barbudo e desgrenhado, que toca a guitarra como se fosse moer a pobrezinha, grunhindo ao invés de cantar, o lado mais cativante de ser um headbanger fica evidente: a (devidamente moldada aos padrões atuais) pura e primitiva selvageria!!!
Lemas como "Strenght, Determination, Merciless Forever" e "Get It Fucking Done" são palavras de ordem entre os fãs do Black Label Society. Ou "Order", ou "Iluminatti", se preferirem... todos termos cunhados pelo maluco Zakk...
Mas ainda não terminei...
Por mais que fosse muuuuito divertido, infelizmente não vivemos mais na época dos bárbaros. Não dá pra passar a vida só batendo cabeça, berrando, destruindo instrumentos e se atirando em moshs. A grande desgraça desta existência é termos que nos adaptar ao mundinho pálido, morno, trouxa e enquadrado em que vivemos. Trabalho, estudo, regras, leis, sociedade, proibições e idiotices diversas. E é para isso que serve a religião do Metal e pastores como Zakk Wylde.
Ele próprio é a prova disso. Fora dos palcos, o neandertalesco roqueiro é um homem de família - até hoje casado com sua primeira namorada da época de colégio, pai de 4 filhos (sendo o último, Sabbath Page, ainda bebê). Trabalhador compulsivo, está envolvido em tudo, desde a criação do merchandise da banda, até a produção de eventos, workshops, e principalmente encontros com os fãs. Escreveu um livro hilário ("Bringing Metal to the Children"), onde passa a maior parte do tempo contando casos da estrada do Rock e tirando sarro de si mesmo. Simpático e acessível, vive sendo zoado por seus amigos, e encara a "imagem" como uma personificação de um alter-ego. Como me disse uma vez sua esposa Barbaranne, quando eu me referi a ele como "the Boss": ele pode ser o Boss para os fãs, mas em casa é apenas "daddy". E se você entrar em seu twitter, instagram, facebook, vai ver fotos dele tocando piano para a esposa, dormindo na cama com os filhos, brincando com os cachorros, ou (certamente) malhando em sua academia particular.
é... não parece o físico de um guitarrista de 46 anos...
O ponto todo da questão é: SIM, você pode ser um "homem de família", "respeitável membro da sociedade", "profissional bem sucedido"... e ainda assim ter seu momento de colocar para fora o seu lado primitivo, hedonista, sacana, selvagem! Você pode ganhar seu dinheiro honestamente, ter um relacionamento estável, filhos, cães, gatos, cacatuas, uma horta no fundo da casa, passar a semana inteira de terno e gravata... MAS isso não tira de você o direito de ter seus momentos exclusivos de liberdade, curtição, loucura.
É para isso que servem os cultos religiosos e os shows musicais. Cada um se dá bem em seu elemento. Berrar elogios a deus, cantar músicas melosas de cornos, ou headbanguear enlouquecidamente ao som de guitarras ensurdecedoras.
No nosso caso aqui, essa última hipótese se confunde com religião. É ali que nos sentimos vivos, no sentido BOM da palavra. É no som pesado que nos comunicamos com o que entendemos por "deus".
E gostamos de ver cada headbanger, independente de sua tendência metálica, idade, cor, credo, religião, orientação sexual, time do coração, profissão ou partido político - como um(a) irmão(ã), um membro de uma grande e louca família - que em sua maioria está escondida sob vestes e gestos aparentemente normais - esperando o primeiro acorde de guitarra distorcida pra bater o cabeção e fazer os chifres do demo com as mãos. 
Enquanto existirem doidos como Zakk Wylde (que vai ficando mais casca grossa com a idade), gente como nós, que fazemos este blog, saberá que somos parte de uma família que não morre fácil...
tipo isso...
Ah... e quanto aos "maus hábitos" que o menino Zakk tinha... abandonou tudo, do cigarro ao álcool. Mas ainda canta petardos como "Stoned and Drunk" como se o pub ainda estivesse aberto...
Porque "ser doido" é uma questão de mente, de atitude... e na hora certa, right?



música para reflexão: TODAS do Black Label Society!!!