sexta-feira, 21 de junho de 2013

Pão, circo e gás lacrimogêneo...

paguem seus impostos... e morram.
A política do Pão e Circo (panem et circenses, no original em Latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento. Basicamente, estes “presentes” ao povo romano garantia que a plebe não morresse de fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.

Parece com algo conhecido para você?

Senão vejamos: bolsa para manter filhos na escola, bolsa para ganhar dinheiro por não trabalhar, vale para ganhar gás, moleza para comprar casa, cartão para comprar bagulhos para dentro de casa... enfim, o pão.
Para o circo, um coliseu novinho em cada lugar para presenciar a luta dos gladiadores. Neste caso, estádios bilionários para abrigar os multibilionários jogadores de futebol (que estão preocupadíssimos com a situação do Brasil, ganhando em Euros, traçando piriguetes em seus iates, gastando milhões com brinquinhos de diamantes e cortes de cabelo exóticos).

Políticos canalhas que se perpetuam no poder? Funcionários públicos corruptos? Um imposto absurdo que sustenta uma saúde inexistente, uma educação precária, e uma segurança de milícia africana? Grande coisa! Desde que eu possa comprar meu casebre, encher de móveis e eletrônicos das casas bahia, e pagar tudo com cartão dado pela Dilma. E - claro - assistir a seleção brasileira na minha novíssima TV de led 3D comprada em 198 prestações! A pátria de chuteiras, o orgulho nacional, a única hora em que o patriotismo aflora em sua plenitude!

Quem não conhece a História corre o risco de repeti-la. Essa você conhece...

oi gente do congresso! Lembram de nós?
E a História está se repetindo. O fim do Império Romano não serviu de exemplo.

Acabou a lua-de-mel. Vivemos por algum tempo o sonho de ser do "primeiro mundo". A classe baixa virou média, a média virou média-alta. Em cada casa uma TV novinha, em cada mão um celular de última geração.
Na barriga, iguarias que anos atrás eram privilégio de uma casta superior, que se abarrotava do melhor ao lado de seus vomitoriuns, enquanto a plebe apenas ansiava pelo próximo evento público festivo e mascava seu alimento generosamente doado pelo império.

Todo mundo merece o que há de melhor. Um mundo ideal não teria ricos e pobres, mas sim seres humanos com todas as suas necessidades básicas plenamente sanadas.
Mas tudo vem com um preço...

O paternalismo custa caro. E quem recebe esmola tem a tendência a querer sempre um trocado a mais. Em seu auge, a política do "pão e circo" reservava nada menos que 182 dias do ano para eventos festivos. Feriados - uma vez que quase ninguém trabalhava - para que o bom povo pudesse se divertir nos "shows de axé, sertanejo e pagode" da época.

Não precisamos chegar a isso.

A galera acordou. Alguém se tocou - de repente leu um pouco de História Antiga. Olhou para tudo o que está acontecendo e pensou: "isso está longe de correto..."

E o povo, a plebe, percebeu que é um animal maior e mais feroz do que os "imperadores" fazem crer. E - diga-se - é na plebe que o verdadeiro sentimento se encontra. O cérebro e o coração de um povo está não nos seus intelectuais ou governantes, mas em suas massas.

Agora a galera está aí. Desculpem se a preocupação com a "gloriosa seleção canarinho" ficou em segundo plano. Desculpem se as narrações irritantes do galvão bueno foram abafadas pelas reportagens diárias que informam que o povo não quer mais só pão e circo. Desculpem se acabamos com suas ilusões de que sua política é perfeita e seus partidos maravilhosos.

Aparentemente, Brutus já empunhou o punhal. É hora de Julio Cesar sair correndo.


O que vem por aí, ninguém pode dizer. Mas uma coisa é certa - quando a nuvem do gás lacrimogêneo e dos incêndios baixar, veremos o que sobrou do império. E qual será o próximo passo para a incansável busca por uma república. De verdade, não de mentirinha.



em frente ao coliseu, a plebe protesta. Fodam-se os gladiadores, foda-se o império.







música para reflexão: "Township Rebellion", do Rage Against the Machine.