sábado, 21 de fevereiro de 2015

AO VIVO é mais gostoso sempre!!!

Você, nosso/a diletíssimo/a leitor, sabe que sempre lemos as besteiras que vocês escrevem (assim como vocês leem as nossas...). E, embora a gente sempre confira suas sugestões, nem sempre dá vontade de atender... 
MÃS... um dos pedidos mais insistentes é o infame "sugestões de bons discos" - e isso é algo que não podemos negar. Principalmente no caso dos mais jovens, que anseiam pela sabedoria rockeira vinda de anciões que já percorreram mais da metade do caminho desta existência pesada.
Em assim sendo, faremos o seguinte. NADA DE MELHOR COISA NENHUMA - porque isso vai de cada um, e se eu publicar algo que outro editor não goste, a porrada come. 
Vamos dar alguns exemplos - isso sim - de ÁLBUNS ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIOS para que você possa se considerar um aspirante a neófito da Sagrada Senda do ROCK. 

Nesta primeira leva, somente álbuns AO VIVO. O motivo é o seguinte - nos "Live albuns" geralmente as bandas escolhem as melhores faixas pra tocar - e tocam de um modo mais pessoal, menos "engessado", como tem que ser nos estúdios. Mais autêntico, mais selecionado - consequentemente o melhor para exibir.

Pode concordar ou não. Sugerir mais uma tonelada de outros álbuns. Reclamar, espernear, ranger os dentes. MAS JAMAIS DIZER QUE ESSES AÍ EMBAIXO NÃO SÃO IMPRESCINDÍVEIS!!!

Confira aê:


RUSH - EXIT...STAGE LEFT


Lançado em 1981 e contendo - na época - 2 LPs, esse pode seguramente concorrer ao melhor álbum da melhor banda de todos os tempos. Antes da fase "eletrônica", que afastou muitos pseudo-fãs, Alex Lifeson, Neil Peart e Geddy Lee brindaram o mundo com versões ao vivo de alguns de seus maiores hits. Usando o que havia à disposição na época, levaram ao palco tecnologia avançada de luz e som - e destruíram com performances absurdas. Lee tocando ao vivo o baixo, os teclados, cantando. Peart praticamente escondido atrás da maior bateria já vista até então. E Lifeson indo do violão acústico ao double neck com maestria. Tudo irretocável. Perfeito. Sensacional.
O público do RUSH sempre foi muito fiel e diferenciado. E o motivo pode ser facilmente percebido nesse ao vivo. Tudo é tão bem executado, cada nota tão perfeitamente colocada. E, mesmo assim, a energia  flui e a cabeça bate no ar. A voz peculiar de Geddy faz cantar junto. A bateria de Peart hipnotiza e faz pensar seriamente em sua divindade. E os riffs e solos de Lifeson dão o toque pesado e intrincado que caracteriza esse bolachão.
Há mais de 30 anos, tocar ao vivo músicas elaboradas com muitos instrumentos diferentes, vários takes de estúdio e uma elaboração inacreditável mostrou ao mundo o que o mundo já sabia: eles fazem o que quiserem ao vivo... e ninguém supera o RUSH em técnica e execução. Ponto.

DESTAQUES: Absolutamente tudo, da introdução ao grand finale. Mas a percussão do Mestre Peart em "Xanadu" derruba a mandíbula.


MOTÖRHEAD - NO SLEEP 'TIL HAMMERSMITH


Também lançado em 1981 (como foi bom estar vivo nesse ano!), deus Lemmy e seus comparsas Philty Animal Taylor e Fast Eddie Clark introduziram o conceito de massacrar os ouvidos das audiências. Até então não se conhecia tamanho volume e brutalidade sonora como o que foi derramado pelo trio.
Uma mixagem fraca, edição pobre em termos de refinamento - ingredientes essenciais para quem, à época, achava que não existia nada mais pesado que Judas ou Purple.
O baixo treme-terra, a guitarra insana e uma quase inédita bateria de dois bumbos serviam de fundo para Lemmy arrotar as letras sem a mínima consideração com a sensibilidade auditiva da platéia. As melhores faixas até então estão presentes, e uma vem atrás da outra quase sem intervalo.
Embora a atual formação seja - talvez - a melhor de todos os tempos, "Hammersmith" foi o auge do barulho maravilhoso. Quem tinha a satisfação de adquirir o LP não acreditava no que ouvia. E certamente esse álbum foi fundamental para o Motör estar onde está hoje - no panteão dos deuses do Metal. Forever!

DESTAQUES: "(We are) The Road Crew" é um tapão no pé do ouvido. 



JUDAS PRIEST - UNLEASHED IN THE EAST


Sempre penso como seria se esse álbum tivesse sido feito com os recursos de hoje. O petardo veio à luz no longínquo ano de 1979. Exato, amiguinhos e amiguinhas, quando muitos de vocês ainda discutiam como queriam encarnar.
Esse álbum saiu em vários países com vários nomes. Os fãs conhecem como "Live in Japan", ou whatever, e o fato é que TODAS as músicas são primorosas. o metal god Halford, as guitarras gêmeas de K.K. e Tipton, o baixo infalível de Ian Hill, e o meteórico baterista Les Binks trouxeram para os nossos ouvidos pouco mais de 1 hora do que viria a ser conhecido como autêntico HEAVY METAL!
Muitos que conheciam os discos de estúdio se questionavam... "será que Rob consegue reproduzir tudo isso ao vivo?" A resposta é um sonoro NÃO. Ele não reproduz - ELE SUPERA! Atrevo-me a dizer que todas as faixas são melhores nesse álbum do que em suas versões originais. Halford está possuído, sua voz simplesmente não falha. As oitavas vão sendo superadas, os graves viram agudos, e até músicas sem grande apelo pesado como "Diamonds and Rust e "Victim of Changes" viram petardos niquelados ao vivo. Tudo marinado nas guitarras absurdas de K.K. e Glenn. Não tem enrolação, o falatório é pouco, e se alguém conseguiu ouvir sentado e imóvel, certamente foi sepultado pouco tempo depois.

DESTAQUES: Muito, muito difícil apontar um ou outro. Mas "Green Manalishi" estoura os woofers, e "Tyrant" mostra porque Halford era considerado na época o melhor vocal do Rock Pesado.



AC/DC - IF YOU WANT BLOOD... YOU'VE GOT IT


"Quem  você prefere? Bon Scott ou Brian Johnson?" Perguntinha cacete que não merece resposta. Mas este álbum está aqui por um motivo - a atuação sensacional de seu então frontman, o falecido Bon Scott.
Voltamos um pouco mais no tempo e estamos em 1978. O AC/DC não é nem de longe o sucesso estratosférico que é hoje. Não é modinha nas camisetas de roqueirinhas de boutique. É uma banda de gênero ainda indefinido, lá do cu do planeta, que tem uma característica peculiar: tocar com autenticidade e garra.
"If you want blood" é tudo isso e muito mais. Talvez um dos álbuns que mais passe a sensação de estar no show, tomando várias e ouvindo bem ao lado da caixa de som. Parece até ter sido feito em um take só, sem edição ou mixagem. Tudo flui gostoso, naturalmente, como num verdadeiro show de verdadeiro Rock'n'Roll. A voz bêbada de Bon vai do boogie ao quase metal. Angus Young está chegando ao auge de seu talento. Seu irmão Malcolm segura a base incrível com Cliff Williams e Phil Rudd. Vem daí a tradição de shows matadores do AC/DC, já que tudo é tão bem azeitado que parece ser exatamente assim no estúdio. Claro que a banda tem oficiais e bootlegs excelentes ao vivo. Mas este álbum foi meio que um aviso ao mundo do que a Austrália estava gerando - e que em breve iria tomar de assalto o cenário do Rock Pesadíssimo. E foi o que aconteceu!

DESTAQUES: "Bad Boy Boogie" e "The Jack" mostram bem a característica dessa gangue. Transformar qualquer ritmo em motivo pra chacoalhar o cabeção. Peso sempre.


QUEEN - LIVE KILLERS


Deixa eu confessar uma coisa. Minha primeira paixão em termos de Rock foi o Queen. E durou até o famigerado "The Game". Depois daí não consegui mais ouvir a chatice eletrônica, meio disco, meio sei-la-o-quê, que veio a seguir (com poucas exceções).
Mas todos os motivos para essa paixão estão presentes nesse que eu considero um dos melhores álbuns ao vivo já feitos no mundo do Rock. Uma das bandas mais competentes e redondas que já existiram no auge da performance. John Deacon infalível no baixo. Roger Taylor competente na bateria e extraordinário no vocal. Brian May, na minha opinião um dos melhores (e mais subvalorizados) guitarristas de todos os tempos, e a estrela Freddie Mercury, digno de todos os elogios.
Também lançado em 1979, o orgasmo começa com a embalagem. Dois LPs em uma capa dupla repleta de fotos sensacionais dos shows. Considerando que raríssimos seres que habitavam este paisinho de bosta tinham a condição sequer de comprar uma revista de Rock importada - que dizer de assistir um show ao vivo - imaginem só ouvir as músicas vendo aqueles pequenos momentos em foto.
Alternando momentos de puro Hard Rock com mela-cuecas que ficaram mundialmente conhecidas (sim, falo de "Love of my Life"), o quarteto conseguiu preencher exatos 90 minutos e 08 segundos de Rock and Roll da melhor - e coloca melhor nisso - qualidade.
Os bobocas que só conheceram o Queen mais atual (justamente a fase xarope), e não se aventuraram em conhecer de onde essa que é uma das melhores bandas do Rock realmente veio, ficarão meio tensos com tanta pauleira e tanta energia.
Surpreendente, Roger Taylor segura um backing vocal impressionante. E canta com a voz rasgada, arrebentando em "I'm in love with my car". Músicas excelentes que hoje poucos conhecem, como '39 (com May nos vocais), "Brighton Rock", "Let me Entertain You", e delicadezas sonoras como "Dreamers Ball", "You're my Best Friend" e "Spread Your Wings" mostram que os caras sabiam fazer absolutamente de tudo, e que qualquer headbanger sairia de um show desses sem ter o que falar de mal. Principalmente depois de ouvir o que o Brian faz nas cordas (usando uma moedinha como palheta). E a bateria bombardeira de Roger Taylor, que carrega todo o peso das músicas. Just genius.

DESTAQUES: A versão Hard de "We Will Rock You", um dos melhores exemplos de faixa de introdução que incendeia o show. E realmente "rocka" todo mundo!



Vão se divertindo, correndo atrás dessas preciosidades - que eu vou preparando mais sugestões para o futuro. Uma lição que vocês certamente vão tirar é - "Ah, agora eu entendo como esses caras curtem ROCK há tanto tempo..." SIM, é exatamente porque o bom Rock'n'Roll já é feito há um bom tempo. E somos privilegiados por termos vivido tudo isso. Fazer o quê..........

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