quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Precisando de amigos?


Você tem amigos, não é? Claro que sim.
Você confia neles, e espera deles fidelidade, companheirismo e reciprocidade, certo?
E sabe dizer quantos deles abririam mão da própria segurança por você? Quantos deixariam de fazer suas tarefas mais importantes para estar ao seu lado? Quantos seguiriam você na pior das situações?
Se você imediatamente pensou numa meia dúzia, aceite minha admiração (e incredulidade)...
Se pensou em dois, um, mesmo assim... sem muita certeza - acho que está incluido na maioria de nós.
Talvez você tenha pensado no SEU animal de estimação: seu cão, gato, de repente sua salamandra, chinchila, ou sua belíssima cobra albina. E deve ter acertado mais do que quem pensou em "pessoas humanas".

Este post presta tributo ao mais fiel e completo dos amigos - o Dobermann. E por um motivo simples - está sendo escrito por alguém que criou várias gerações deles, e que passou a vida ouvindo asneiras, crendices e simples ignorâncias sobre esse ser incrível.
O Dobermann talvez tenha sido o melhor resultado da mania humana de imitar deus. Criado a partir de várias raças, ele foi moldado para ser completo em todas as funções. Mas PERFEITO na de amigo.
Forte, muito ágil, resistente e incansável como uma criança de 5 anos, essa raça é uma das mais inteligentes do planeta canino. Mesmo antes de ser treinado, já reconhece facilmente seu ambiente, seu nome, os habitantes da casa, e principalmente seu dono, por quem desde o início estabelece uma relação diferenciada.
Então, é quase impossível "evitar" sua amizade. Segue o dono passo a passo, senta-se ou deita-se ao seu lado e ali pode ficar por horas, simplesmente pela companhia. Daí os criadores o chamarem de "cão-velcro"!
Em curiosidade compete com os gatos. Também pode ser tão palhaço quanto. É incrível o que um cão com aquela dita cara de mau pode fazer para se (e lhe) divertir. 
Embora desconfiados e alertas, NÃO SÃO AGRESSIVOS por sua própria natureza. Convivem muito bem com outros cães e animais - inclusive bem menores. Mas nada nem ninguém supera seu dono. Nesse aspecto, o que mais me agrada é que eles não são "grudentos", daquele tipo que pula, lambe, baba, arranha, mordisca (conhecem a figura, né?) O simples fato de caminhar ao seu lado, ou ficar deitado enquanto você lê um livro já lhes basta.
Considerado o cão mais corajoso do mundo, não pensa um segundo antes de seguir seu dono - em qualquer situação. Por isso foram amplamente usados na Segunda Guerra - principalmente na proteção de acampamentos. Quando pelotões marchavam em território inimigo, os Dobermanns eram encarregados de avisar sobre a presença de hostis. Acompanhavam os soldados nas trincheiras, nos barcos, e saltavam com eles de paraquedas. Tamanha dedicação fez com que os Marines destinassem a eles o mesmo tratamento dos soldados, quando feridos: lugar no hospital de campanha e atendimento médico.
Mas, obviamente, é uma relação de duas vias. A responsabilidade do dono é INFINITA, e um cão que não receba o mínimo treinamento, atenção e cuidado, tem todo o direito de arrancar a cabeça do "dono" na primeira chance. Conheci Dobermanns incontroláveis, mas TODOS, sem exceção, eram vítimas de maus-tratos ou simples desleixo de seus criadores.
O Dobermann é como uma criança humana hiperativa. Precisa ser ensinado, corrigido, e saber que tem sua atenção. Principalmente porque ele adora ser treinado, já que essa é a atividade que mais o aproxima de seu dono/melhor amigo.
Cortar orelhas e rabo? Fica a critério. Cada especialista tem seu próprio motivo para recomendar um ou outro método, e pouca diferença faz na personalidade do cão. Quanto às lendárias "doenças do Dobermann", como o cérebro aumentar e não caber no crânio (hahahaha) ou coisas do gênero, simplesmente esqueça. Ele pode ter basicamente a doença que qualquer outra raça desse porte tiver.
E, só pra encerrar, este post não é uma declaração de amor pelos animais, lato sensu. É uma declaração da minha gratidão por esse ser que sempre tornou minha vida menos insuportável, e - principalmente - superou qualquer outro no quesito amizade/companheirismo. Eu devia isso aos Dobermanns...

Essas são as cores padrão. E essa é a cara de boboca quando eles nascem...

E, apesar das cores mais conhecidas...
...existem até os albinos. Apesar da aparência, são saudáveis como os demais.
Mesmo nos momentos de estupidez humana, lá estavam eles...
Porque, mesmo sendo estúpido, o homem ainda é seu melhor amigo.


E precisa dele, bem mais do que ele precisa do homem.
E a verdadeira amizade só acaba assim. Quando os amigos morrem. Cães entendem isso melhor do que nós.
"Algo forte e poderoso entre as pernas". Pra ela, a ilusão do domínio. Pra ele, mais um episódio de tolerância pelas esquisitices humanas. Friendship versus vanity...






música para reflexão: "The Doberman", do Kasabian.

5 comentários:

Muriel Godoi disse...

Parabéns pelo post. Não tenho um doberman, mas posso dizer que o boxer também detém de algumas destas qualidades, principalmente a fidelidade e o companheirismo. A minha com certeza é a melhor amiga e companheira.

Conservado no ROCK disse...

Muriel.
A única outra raça que criei foi justamente BOXER. A minha é fantástica, uma verdadeira lady, e o dobermann é apaixonado por ela.

\,,/

Débora disse...

Cresci convivendo com animais, tempo suficiente para em determinado momento da vida declarar que preferia a companhia de cães a de pessoas. Hoje, aos 35 anos, estou na fase de novas tentativas (pseudo-adolescência?), estou dando uma nova chance aos humanos, afinal, eu sou uma e já tive vários comportamentos que tanto critiquei nos outros. Talvez essa seja a principal diferença entre humanos e cães, os cães não mudam, são amigos para sempre. A minha última amiga, morreu recentemente, uma vira-lata de 21 anos de idade (é, eu sei q é difícil acreditar, foi por isso que ela ficou famosa no hospital veterinário q frequentava). Era corajosa, apesar do pouco tamanho e foi grandiosa quando os humanos foram covardes. Estou aprendendo a conviver com os humanos mas eles tem muito a aprender com os cães, inclusive eu.

ValLindinha disse...

Conheci dois dobermanns cada um mais maluquinho do que o outro. Nao podiam ver gente que se tornavam Labradores (pula, lambe, baba, arranha, mordisca).
Um deles era cao de guarda de um lava-jato e nao era alimentado. Meu pai trabalhava neste lava-jato como vigia, e dividia com o dobermann o seu lanche noturno. Ao que tudo indicava as raras refeiçoes que fazia.

vinicius disse...

Eu acho que tenho um doberman, bem deve ser mestiço, eu encontrei na rua com apenas 25 dias de vida, tava toda suja, cheia de carrapatos e pulgas, hoje tem 3 meses, cresceu bastante, e como você disse, é hiperativa, se eu fico sem sair com ela por dois dias seguidos, no terceiro a casa cai, gostei bastante do seu texto.

Ensinei a ela da a patinha e sentar em apenas três dias, é incrível como são espertos.