É...mais um capítulo na história humana da idiotização via tecnologia.
"Aplicativos" que lhe permitem elogiar ou detonar aquele(a) com quem compartilhou a cama, o sofá, o assento do carro, a pia... enfim - o famoso "comeu e não gostou". Sim, porque fica óbvio que poucos vão se utilizar dessa "maravilha tecnológica" para elogiar os atributos de seus parceiros. O objetivo da bagaça é fornecer uma ferramenta para baixar o pau, humilhar, vingar-se de alguma forma.
A trepada foi fraca? Ele não ligou depois? Ela foi dar pra outro? Não rolou o compromisso que você queria? Bora entrar no aplicativo e sentar o sarrafo nesse pilantra, nessa vadia! E espalhar para o mundo!
Pessoas que se solidarizaram com a invasão de privacidade de Carolina Dieckmann, ou que acharam absurdas as cenas da pobre adolescente seminua postadas nas redes sociais - o que a levou ao suicídio - agora se deleitam contando intimidades de seus parceiros para o mundinho virtual.
Pessoas que se solidarizaram com a invasão de privacidade de Carolina Dieckmann, ou que acharam absurdas as cenas da pobre adolescente seminua postadas nas redes sociais - o que a levou ao suicídio - agora se deleitam contando intimidades de seus parceiros para o mundinho virtual.
Raciocinemos: se você elogiar, estará cafetinando. Seus amigos/amigas vão querer também, já que a figura é tão maravilhosa. Se detonar, seus miguxos e miguxas vão pensar - em primeiríssimo lugar - que você está transbordando de recalque. Talvez até tentem "comprovar" se você está certo no seu "julgamento"...
Mas nada disso é tão "ooohhhh" como estão colocando. Não é nada que já não exista - só que de outra maneira...
Hoje a vida não acontece fora das redes sociais. Nelas está cada pequeno detalhe de nossas vidas (melhor dizendo...suas vidas, porque aqui não rola facebook...). As pessoas sabem o que você ouve, assiste, veste, come, onde mora, onde frequenta, se está namorando, casado, caçando. Sabem até se seu vizinho incomoda, se seus filhos estão estudando, se sua família é uma bosta.
A diferença é que quem tem facebook, por exemplo, só posta o que lhe convém. Não coloca fotos em que não está "lindo", não posta aquele canto horrível da casa, não mostra suas mazelas e idiotices, fotos de suas hemorróidas, celulites, rugas. Uma página de face traz sempre as fotos lindas, os passeios perfeitos, a decoração impecável, os miguxos e miguxas "amados", em resumo - um ser maravilhoso que deve ser seguido, curtido e compartilhado.
Ou seja - esses aplicativos trazem uma mistura de ansiedade (será que vão falar bem de mim?) e medo (será que vão descobrir a porcaria que eu sou?). Maricotas debruçadas na janela, falando mal da vida alheia, cuspindo no prato em que comeram (ou foram comidas). E para que propósito? Nenhum! O cara que você achou péssimo na cama pode ter sido uma máquina de prazer com outra (porque ela é melhor que você). A menina que você rotulou de #nãovaleapena pode ser um vulcão de orgasmos nas mãos do cara certo (que com certeza não é você).
O ser humano já tem feito isso há séculos. Mais importante que comer é contar.
Mas hoje o mundo globalizou, a tecnologia leva você aos 4 cantos da Terra. Consequentemente, suas opiniões também.
E opiniões são como orifício anal - cada um tem o seu, que é sempre melhor que o do outro. A mulher que você "pegou" na balada e levou para o motel - e depois colocou uma opinião pejorativa no app, é a mesma que um dia vai fazer a felicidade de um cara que mereça. E a sua opinião sobre ela não vai fazer a menor diferença... Mulheres sempre dirão que os gritos da vizinha são fingidos. Homens sempre acharão que o deles é maior que o dos outros...
Os medíocres gostam de colocar nas redes sociais cada pequena emoção, cada pequeno acontecimento. "Estou deprê", "estou apaixonada", "tenho novo emprego", "minha cadela deu cria"... E para isso contam com uma fiel audiência (aquela do "curtir"). Só que tudo traz consequências - e no mundo real, inclusive!
Mas com os problemas, vêm as soluções. Sites que VENDEM avaliações positivas! Um boost no seu ego por uns míseros trocados. Que tal ser um 9,0 no mundo virtual, quando não chega a 1,0 no mundo real? Hein? Hein?
Mas com os problemas, vêm as soluções. Sites que VENDEM avaliações positivas! Um boost no seu ego por uns míseros trocados. Que tal ser um 9,0 no mundo virtual, quando não chega a 1,0 no mundo real? Hein? Hein?
Ou quem sabe - sacrilégio dos sacrilégios - simplesmente abrir mão da putaria digital e tentar viver a vida de verdade. Conhecer pessoas de verdade, sentir emoções reais. Sofrer decepções sem que o planeta inteiro saiba. Amar alguém e só repartir com quem você tem certeza de querer realmente a sua felicidade. E - não - NÃO são as pessoas que lhe chamam de "lindo", "maravilhoso" na sua page. Não são os generosos doadores de "dedinhos pra cima". São pessoas que você só vai encontrar se lembrar que aquela pessoa falsamente produzida, feliz e perfeita do facebook não é você. É uma cópia digital de um ser humano medíocre.
Você é uma individualidade. E tudo o que precisa para ser feliz (ou menos miserável) se encontra lá fora, no mundo real.
Redes sociais são como drogas. Paliativos que tornam sua vida menos oca.
E aplicativos para "dar nota" só mostram que você é PÉSSIMO/A para escolher quem te dá ou te come.
Simples assim...
música para reflexão: "Stupid Girl", do Cold.